O BATISMO INFANTIL - Embora nem todas as igrejas cristãs usem da prática do batismo infantil ele é bíblico e deixá-lo à negligência consiste em pecado. O Batismo infantil tem sua base na doutrina da Aliança. Deus fez uma aliança com Abrão e o constituiu como o pai da fé. Todos os crentes são filhos de Abraão, segundo o apóstolo Paulo. Deus se relaciona com o homem através de aliança, por isso é um Deus que se envolve com a individualidade da pessoa, mas que a chama para uma comunidade. Não há qualquer idéia bíblica de vida com Deus puramente e somente individual. Somos uma comunidade, povo sacerdotal que está em aliança com Deus. É importante saber que não há duas alianças, embora a bíblia fale da Velha e da Nova Aliança, pois Abraão é citado todo tempo no Novo Testamento como o pai da aliança. Portanto há apenas uma aliança. Também não podemos aceitar a ideia de que Deus tenha dois povos. Deus só tem um povo, constituído em Abraão. Abraão, na verdade é pai dos crentes! O verdadeiro judeu, não o é aquele que é na carne, na etnia, mas no espírito, na fé. A igreja, o povo de Deus já existia desde Abraão e se identificou com o estado de Israel no Antigo Testamento. Com a incredulidade desse povo os gentios, oliveira brava, foram enxertados na igreja e não devem se gloriar disso. Dessarte, Deus não tem dois povos, duas alianças, mas apenas um povo e uma aliança. Quando se diz nova aliança, quer se dizer que tudo o que a antiga prefigurou, falou em linguagem figurada, por tipos, profecias, símbolos, se cumpre na plenitude do tempo, quando o descendente de Abraão chega, Jesus Cristo. Nele, nós somos feitos descendentes de Abraão e nos tornamos herdeiros de todas as bênçãos prometidas a Abraão. E aliás, quando Deus mandou Abraão ser uma bênção, em Gêneses 12.1-3 era no sentido de aliança, de trazer a salvação para todas as famílias da terra. No capítulo 17, estabelece-se a aliança e Deus institui o sinal externo dessa aliança que é a circuncisão. Deus diz que essa aliança é perpétua e que seria Deus de Abraão e de todos os seus filhos perpetuamente. É notável que o nome dele passa de Abrão para Abrahão e isso tem um significado pois a letra H no hebraico tem o sentido de sopro e simbolicamente Deus está ensinando que Abraão recebe a regeneração e a justificação pela fé. Recebe o Espírito e passa a ser o primeiro homem da nova humanidade, a humanidade da aliança. Voltando à palavra perpétua, traz o significado de algo que dura para sempre. Então a aliança antiga caduca somente no sentido de que o que prefigurou ou simbolizou se cumpre na descendência de Abraão, que é Cristo. Não era mais possível viver na era da sombra se a realidade já havia chegado em Cristo, o descendente. Deus instituiu o sinal da aliança, foi a circuncisão, operação da fimose, e mandou circuncidar a toda criança com oito dias de idade. Para entrar na aliança, os adultos precisavam professar a sua fé em JEOVÁ como único e verdadeiro Deus e Salvador, mas as crianças não tinham que professar fé alguma e recebiam o mesmo sinal que os adultos recebiam.
Por que Deus escolheu essa prática da circuncisão para significar e selar a fé dos crentes da antiga igreja? Por que não escolheu a água, como o fez na nova igreja? Dois motivos pelo menos: o povo de Deus ficaria 40 anos no deserto e não havia água suficiente. Segundo motivo era a questão da saúde. As mulheres judias são as que tem menor índice de câncer uterino.
Mas a circuncisão além de sua utilidade para a saúde pública, tem seu significado espiritual também. Ela significa a remoção da imundície, a limpeza e lavagem do espírito, mesmo significado que o batismo vai ter no novo testamento. Em várias passagens do Velho Testamento Deus manda circuncidar o espírito e diz que vai circuncidar o coração do povo para que esse seja um povo convertido. (Leia Deuteronômio 10.16 e 30. 6) Mais tarde os profetas Isaías e Jeremias começam a falar em um banho por aspersão que teria o poder de purificar o povo da imundícia do espírito. Esse banho por aspersão sempre está ligado ao derramamento do Espírito Santo. Logo se vê claramente que os sinais da aliança sob a velha e nova dispensação são diferentes: circuncisão e água, mas o que significam tem o mesmo sentido: lavagem, purificação.
Os adultos precisam se converter e crer para entrar na aliança tanto na antiga igreja como na neotestamentária. Abraão foi salvo pela fé e então recebeu o sinal e selo da fé (a circuncisão) (Rm 4.11,12) As os filhos de Abraão não precisaram exercitar fé e receberam o mesmo sinal.
Então nos resta saber algumas coisas: a aliança é a mesma ou a nova aliança abroga a antiga? A aliança é a mesma e há fartura de textos que mostram. Paulo por exemplo em Gálatas 3.29 nos afirma que se somos de Cristo, somos herdeiros de Abraão. Ainda nos versículos 13 e 14 do capítulo 3, Paulo fala que o descendente de Abraão morreu para que a BÊNÇÃO de Abraão chegasse a nós a fim de que recebêssemos pela fé o Espírito prometido. Vê-se que quando foi dito à Abraão que seria uma bênção para todos os povos e que seus filhos seriam como areia do mar, refere-se à bênção da regeneração, da salvação, do recebimento do selo e penhor do Espírito. Essa foi a promessa feita a Abraão. Os filhos do pacto são a nova humanidade, feita de novo por causa da cruz e por obra do Espírito de Cristo. Ao que parece, a aliança é a mesma, e quando o escritor aos Hebreus diz que caducou se refere ao cumprimento dela e não, em hipótese alguma à anulação dela.
Se a aliança é a mesma, se era ordenado que as crianças fossem admitidas à ela com oito dias de idade, essa é a mentalidade que perpassa para o novo testamento. Para os apóstolos o reino dos céus é das criancinhas e é por isso que Pedro diz em Atos 2.39 que a PROMESSA (a mesma que Paulo fala em Gálatas 3.14) é para vós, VOSSOS FILHOS e para tantos quantos Deus chamar.
É baseado nessa mentalidade que Paulo diz em ICoríntios 7.14 que os filhos dos crentes são santos, nome sempre dado aos salvos no novo testamento
Todos os apóstolos, com certeza, tinham essa mentalidade da aliança. Para eles não havia nova aliança no sentido de ser outra, diferente. Era a mesma, porém em sua plenitude de cumprimento. Que o batismo era o sinal da aliança na nova igreja, assim como a circuncisão era na antiga, não havia dúvida alguma para eles, entretanto o significado era o mesmo, de purificação, lavagem, e é por isso que Paulo sempre ensina que o batismo verdadeiro que nos une a Cristo, o batismo com o Espírito Santo é como um derramamento de água que nos lava, regenerando e reformando. (Leia Tito 3.5,6) Paulo faz jus ao que Isaías e Ezequiel e Joel profetizaram, que nos últimos dias (tempo que vai do Pentecoste à volta de Jesus) Deus batizaria o seu povo, DERRAMANDO sobre ele água pura (Espírito Santo) e lavando-o dos seus pecados, concedendo a salvação e todos os poderes inerentes à graça da salvação. (Leia Isaías 44.3,4 - linguagem de aliança; Leia Ezequiel 36.25-27 e veja como a idéia da água já vai substituindo a idéia da circuncisão).
Na mente apostólica a circuncisão (espiritual) é a mesma experiência do batismo (espiritual) Não há dúvida: purificação, lavagem. Paulo chega a nos informar que a circuncisão (espiritual) continua dentro da igreja, e que o seu ministro, isso é, quem a faz é o próprio Cristo, comparando essa experiência ao Batismo. Leia em Colossenses 2.11,12.
Na velha igreja os adultos, para serem recebidos na aliança de JAVÉ tinham que exercer fé e se converter. Então recebiam o sinal da aliança. Na nova igreja, os adultos precisam se converter para serem recebidos na aliança, e então recebem o sinal visível da aliança, que é o batismo. (Leia Marcos 16.15,16) Na antiga igreja, as crianças eram recebida na aliança e havia ordem de Deus que fosse com 8 dias. E na nova igreja que está sob a MESMA aliança? É evidente que as crianças precisam ser recebidas na aliança e inclusive receber o sinal visível da aliança que é o batismo.
Alguns querem argumentar que as crianças não devem ser batizadas porque não podem exercer fé e que não há um caso de batismo de criança no Novo Testamento.
Ledo engano. Na mentalidade apostólica as promessas inerentes à aliança de Abraão eram para os pais e filhos, como já visto acima. Para eles o normal era batizar as crianças. Então para que essa prática fosse eliminada, o certo é que o Novo Testamento explicitasse alguma ordem ou doutrina que condenasse algo que já se fazia desde o tempo de Abraão.
Citar Marcos 16.15,16 para provar que o batismo infantil não é bíblico é assinar um atestado de burrice; de mal exegeta, de mal interprete da bíblia. Parafraseando o texto, é como se Jesus tivesse dizendo: Ide por todo o mundo e anunciai o arrependimento a todos os adultos. Os que ouvirem e crerem serão salvos, os que não crerem serão condenados. O texto exclui qualquer ideia de que jesus esteja ensinando que o batismo é só para adulto. O texto nunca falou isso.
Há vários casos no Novo Testamento que dizem que FULANO creu e foi batizado ele e sua casa. Como pode batizar a casa se somente ele creu? É importante notar que CASA naquela época significava o pai, a mãe, os filhos, escravos, filhos de escravos, etc. Todos eram batizados. Por tanto não é necessário a Bíblia dizer que crianças foram batizadas. Basta lembrar que para eles era algo normal.
Nenhuma igreja tem dificuldade de relacionar a páscoa com a morte de Jesus, inclusive Paulo fala que ele é no nosso cordeiro pascal. (Leia ICoríntios 5.7,8). Assim como a páscoa apontava para a cruz, levando os hebreus a se acostumarem com a ideia de que um inocente morreria no lugar do povo, a Ceia do Senhor mira para trás, nos lembrando que um inocente morreu por nós. Por que isso é tão fácil de se aceitar, pois era um dos sacramentos da aliança na velha igreja, e o fato de que a água substituiu a circuncisão como sinal da aliança na nova igreja não é?
Para ir encerrando, os pais da igreja atestam o batismo infantil, principalmente os pais que viveram no primeiro e segundo séculos, que conheceram alguns dos apóstolos. O batismo infantil era prática apostólica em obediência ao que Deus ordenou em Geneses 17.12.
Para concluir, lembramos que o batismo para criança, como para adulto não pode regenerar, mas é apenas símbolo visível da aliança, significa o batismo com o Espírito Santo e sela a aliança.
Por: Rev. Lício Luciano Nonato
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