O culto acabara de começar, mas Mariana, de três anos, estava inquieta. A mãe confusa não sabia o que fazer. Se “prendesse” a menina no colo, ela chorava; se a deixasse solta, ela corria por todo o ambiente. Sônia até pensava em não trazer mais Mariana para os cultos, já que, em sua opinião, ela não entendia nada e ainda atrapalhava as outras pessoas.
Situações como essas são muito comuns. Não sou mãe, ainda não passo por isso, mas tenho acompanhado as crianças na igreja e lidado com pais que, domingo após domingo, lidam com esse tipo de drama. Como agir em situações assim? A Escritura é nossa fonte de autoridade e, com base em seus princípios, eis algumas dicas que podem ajudá-lo a entender a importância da participação da criança no culto e nas atividades da igreja.
Primeiramente, entenda que a criança é parte do corpo de Cristo. Em algumas denominações ela é considerada até membro da igreja, ainda que não participe da ceia (membro não comungante). A Bíblia ordena que cerimônias próprias do povo de Deus sejam feitas diante das crianças, e sejam aproveitadas como instrumento de ensino (Êx 12.24-27). Então, de início, já está descartada essa possibilidade de não levá-la, mesmo que ela ainda não tenha compreensão total de algumas dessas verdades.
Há algumas medidas que podem ser tomadas antes, durante e depois do culto ou atividade na igreja.
Antes
Antes de sair, você pode se programar para conversar com seu filho, ou fazer isso enquanto se vestem. Mesmo que ele seja um bebezinho, você pode repetir frases como: “Vamos levar o bebê para a igreja, para adorar a Deus.”
Se ele já for maior, explique para ele que na igreja a gente agradece a Deus, junto com outras pessoas, por tudo que ele é e faz. Se ele já souber ler, você pode ler um texto falando sobre a importância da comunhão. Nessas fases já dá para explicar que não vai ser possível ficar levantando toda hora para ir ao banheiro ou beber água, que devemos fazer silêncio na hora em que o pastor estiver falando, etc.
Assim, a criança já vai preparada para o culto. É provável que, ao chegar na igreja, você tenha de repetir novamente algumas dessas orientações. Criar filhos é um trabalho de paciência e dedicação.
(Nota do editor: Outra boa maneira de preparar as crianças é a realização regular do culto em casa. Com o tempo, mesmos os mais novos percebem que estão participando de uma versão maior do culto familiar ao entrarem no salão da igreja e, se foram ensinados a comportarem-se, farão o mesmo no culto público)
Durante
Tente chegar à igreja um pouco mais cedo. Às vezes é difícil, mas o ideal é que você leve seu filho para beber água e ir no banheiro, antes do culto. Ao criar esse hábito saudável, seu filho pode reproduzí-lo por toda vida.
O ideal é que a criança participe do culto adulto em qualquer idade, e que no culto tenha cânticos e uma palavra voltada para ela. Mas, algumas igrejas optam por ter uma programação separada. Em qualquer uma das realidades, o fato é que em algum momento surgirá o grande desafio de permanecer com o seu filho no meio dos adultos.
Deixe-o sempre perto. Dependendo da idade, ele vai pedir para sentar com os coleguinhas. Evite. Sentado com você é mais fácil controlá-lo: pedir pra fazer silêncio, cuidar para que ele não corra, etc.
Se for pequenininho e chorar, enquanto o segura em seus braços, seja firme. Não o tire imediatamente do local. Muitas crianças, mesmo as mais fofinhas, usam o choro como manipulação. Sabem: “Se eu chorar, me tirarão daqui”. E quando você sai, faz exatamente o que ele queria.
Muitas vezes, as mães ficam embaraçadas, pois alguns irmãos começam a olhar esquisito. Entenda que o choro do seu filho também é pedagógico para esses irmãos, eles precisam aprender que a igreja é um corpo e que as crianças fazem parte dele. Precisamos de paciência, amor e compreensão para viver como corpo. Quando o choro de uma criança incomoda o nosso conforto é que precisamos demonstrar essas virtudes.
Não há problema em levar papéis, lápis ou um brinquedo silencioso, quando seu filho for pequeno. Conheço caso de crianças entre 4 e 5 anos, que mesmo brincando ou desenhando perto dos pais, perguntavam depois sobre coisas que o pastor havia falado na pregação. Pensamos que a criança não está prestando atenção, ou que não entende, porque ela não capta como um adulto a totalidade do culto, mas isso não significa que não absorva nada.
Se o seu filho já souber ler, é muito importante que ele participe do culto inteiro, junto com os adultos! Auxilie-o a achar os textos bíblicos e a prestar atenção nas letras dos cânticos e hinos.
Muitos pais dão ofertas para que os filhos depositem no gazofilácio no momento do ofertório. Isso é muito saudável. Você pode também conversar com seu filho sobre o significado dos atos do culto. Geralmente as crianças tem muitas dúvidas sobre a ceia, sobre o batismo. Explicar cada um desses itens, o ajudará a entender mais a necessidade de reverência e a importância da adoração.
Depois
Após o culto, ensine seu filho a cumprimentar as pessoas, a conversar. Muitos pais saem logo que termina a programação. Os momentos após o culto solene são de estreitamento de laços. Os adultos ficam conversando e geralmente as crianças ficam brincando. Esse é um dos poucos momentos livres que o seu filho tem para consolidar as amizades cristãs, com outras crianças da igreja.
Aqui é necessário equilíbrio. Fique, mas não fique tempo demais. O seu filho precisa aprender a amar a igreja, mas se ele passa muito tempo lá, a ponto de ficar irritadiço, querendo ir pra casa, não é legal. Esse é um conselho especial para pastores. Não deixem seus filhos com fome durante horas após o culto ou EBD, por causa de reuniões e outras tarefas, principalmente se forem muito pequenos, ou se não tiverem como ir pra casa a não ser com você.
Em casa, procure conversar com seu filho sobre o culto: “Como foi o culto, filho? Você lembra do que o pastor disse?”. Se ele já for maior você pode explorar bem esse momento perguntando: “Teve alguma palavra que o pastor falou que você não entendeu? Qual cântico que você mais gostou de cantar hoje?”. Penso que esse é o tipo de momento que pode permanecer na família para sempre, compartilhar do que Deus falou no culto, e de como podemos responder diante disso.
Por fim, evite falar mal do culto, ou da igreja na frente do seu filho. Ensine-o desde criança que vamos a igreja prestar, e não assistir, um culto. Deus deve ser o centro e não nossos gostos pessoais ou a maneira como nos sentimos.
Sei que essa não é uma tarefa fácil. Mas você precisa entender que, ao lhe dar um filho, Deus lhe deu uma vocação especial, de pai ou de mãe. O mesmo Deus que providenciou a salvação em Cristo Jesus, providenciará também todos os recursos necessários para criarmos nossos filhos a fim de glorificá-lo. E Ele providencia perdão também, quando somos omissos, preguiçosos ou impacientes na educação dos nossos pequenos.
Coloque diante dele suas dificuldades e seus pecados e agradeça por fazermos parte do corpo de Cristo e podermos cultuá-lo, independente da nossa idade.
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Fonte Reforma 21
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